Itaporanga (PB) amanheceu neste domingo (29) sob o peso de uma barbárie indescritível, um episódio de brutalidade que dilacera o coração da sociedade e expõe, de maneira chocante, as chagas abertas da violência doméstica no Brasil.
Elson Félix, um ajudante de vidraceiro recém-liberto da Cadeia Pública local, onde estava recluso por reincidência no descumprimento de medidas protetivas, protagonizou um ato de monstruosidade que desafia a razão: assassinou friamente a própria companheira dentro da residência do casal, localizada no conjunto Chagas Soares, e, em seguida, atentou contra a vida da filha de apenas dois anos de idade.
A mulher, cujo nome ainda não foi divulgado oficialmente, tombou sem vida no local. Já a criança, vítima inocente de um cenário de horrores, foi socorrida em estado gravíssimo e levada às pressas para uma unidade hospitalar da região. Seu estado de saúde inspira cuidados extremos.
Conforme apuraram as autoridades, trata-se de um crime que carrega todos os elementos de uma tragédia anunciada. Familiares e vizinhos relataram, em prantos, que a mulher vivia sob constante clima de terror doméstico, em meio a ameaças e episódios reincidentes de agressão. “Ela clamava por socorro, mas parecia que ninguém ouvia”, relatou, entre lágrimas, uma vizinha que preferiu não se identificar.
As investigações preliminares apontam para os crimes de feminicídio e tentativa de homicídio qualificado. A Polícia Militar realiza buscas intensas na zona rural de Itaporanga, onde o acusado teria se embrenhado em uma área de mata densa na tentativa de escapar da responsabilização penal. As forças de segurança seguem em alerta máximo.
Esse episódio funesto não é apenas mais um número na estatística da violência contra a mulher, é o grito sufocado de uma vítima que morreu à espera de justiça. É a demonstração cruel do fracasso institucional em proteger quem mais precisa. É o retrato de um país onde o machismo armado e reincidente, quando negligenciado, converte-se em luto irreparável.
Que a sociedade não silencie diante desse sangue derramado. Que esse crime não caia no esquecimento burocrático de inquéritos sem fim. Que a memória dessa mulher e o sofrimento dessa criança não sejam em vão.
O Espião do Sertão continuará acompanhando o caso e exigirá, junto à sociedade civil e autoridades competentes, justiça célere, severa e exemplar.