O prefeito de Cabo Frio (RJ), Dr. Serginho (PL), um dos principais alvos da segunda fase da Operação Teatro Invisível, é mais do que um gestor municipal: ele é um dos nomes ligados ao bolsonarismo fluminense, com histórico de defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de participação ativa em agendas e articulações políticas alinhadas à direita conservadora.
A Polícia Federal investiga Serginho por suposta participação em um esquema de desvio de R$ 3,5 bilhões dos cofres públicos, por meio de contratos fantasmas com empresas que teriam financiado encenações teatrais com atores pagos para manipular o debate político em períodos eleitorais. As performances eram gravadas em locais públicos e disseminadas nas redes sociais com o objetivo de desmoralizar adversários e influenciar o voto. Estratégia que especialistas consideram uma forma sofisticada de desinformação teatralizada.
Aliado de Bolsonaro desde o início
Dr. Serginho foi deputado estadual pelo PL e, desde o início da sua carreira política, demonstrou lealdade ao bolsonarismo. Participou de eventos com o ex-presidente, promoveu atos de apoio ao governo federal e usou as redes sociais para defender pautas típicas da direita radical, como críticas ao STF, à imprensa e à vacinação obrigatória durante a pandemia de Covid-19.
Durante a campanha de 2022, Serginho foi um dos organizadores de atos pró-Bolsonaro na Região dos Lagos e coordenou apoios municipais à reeleição do ex-presidente, chegando a fazer parte de grupos de WhatsApp estratégicos de campanha. Ele também foi citado em postagens ao lado de Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente.
Envolvimento em escândalo mina imagem do “Brasil acima de tudo”
Agora, com o nome estampado na nova fase da Operação Teatro Invisível, o discurso de moralidade que marcou a trajetória política do prefeito entra em xeque. Segundo a PF, os contratos usados para desviar recursos públicos tinham a participação direta de empresas ligadas a aliados políticos e assessores de confiança.
Ainda segundo a investigação, parte desses recursos teria sido usada para criar um cenário fictício de apoio popular e rejeição a adversários, simulando espontaneidade em vídeos manipulados com diálogos, brigas e falsas denúncias.
A operação também atinge outros nomes da base bolsonarista no RJ, como Valdecy da Saúde (PL) e Rubão (Podemos), este último impedido de tomar posse em Itaguaí após vencer sob liminar judicial.
O silêncio bolsonarista
Até o momento, nem Jair Bolsonaro nem seus filhos se pronunciaram sobre a operação que envolve aliados políticos. Nos bastidores, a ordem entre os articuladores do grupo é o silêncio absoluto.
A PF, por sua vez, afirma que o esquema se tratava de uma organização criminosa bem estruturada, com lavagem de dinheiro, fraudes licitatórias e uso eleitoral de recursos não declarados. Se condenado, Serginho poderá enfrentar pena superior a 27 anos de prisão.