Enquanto tribunais eleitorais de diversos estados têm dado exemplos firmes de combate ao abuso de poder político e econômico, a Paraíba permanece em silêncio diante de casos semelhantes que se acumulam em prefeituras do interior.
Nesta quinta-feira (10), o Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA) cassou o mandato do prefeito de Cametá, Vitor Cassiano (MDB), por realizar mais de 3.300 contratações irregulares durante o período eleitoral. A corte entendeu que houve uso da máquina pública para influenciar o resultado das eleições, prática que configura abuso de poder político e econômico. Com a decisão, o prefeito foi afastado do cargo e declarado inelegível por oito anos. A cidade passará por novas eleições.
Decisões semelhantes têm sido registradas no Maranhão, Ceará, Goiás, Alagoas e Pernambuco, onde prefeitos foram cassados por distribuírem benesses em ano eleitoral, realizarem contratações em massa, ou usarem estruturas públicas para promoção pessoal.
Na contramão desse cenário, a Paraíba segue sem nenhuma condenação de prefeitos por abuso de poder econômico nos últimos anos. Casos que envolvem contratações suspeitas, distribuição de benefícios em ano eleitoral e uso indevido da máquina pública seguem sem punição efetiva — muitos sequer são investigados com o rigor necessário.
A morosidade ou até mesmo a omissão do sistema de Justiça Eleitoral paraibano levanta questionamentos. Por que a lei é aplicada com rigor em outros estados e ignorada aqui? Por que prefeitos paraibanos parecem agir com a certeza da impunidade, ano após ano, sem temer a cassação de seus mandatos?
É papel da Justiça garantir a igualdade na disputa eleitoral e preservar a democracia. Quando isso falha, o resultado é um ciclo vicioso de poder, clientelismo e corrupção. O cidadão, que deveria ser o beneficiado por políticas públicas legítimas, torna-se apenas moeda de troca nas mãos de quem manipula a estrutura do Estado para se manter no poder.
Enquanto o Brasil caminha, ainda que com dificuldades, para coibir abusos eleitorais, a Paraíba parece andar na contramão da justiça. Até quando?
????️♂️ Reportagem do portal Espião do Sertão