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Quando a dor cala antes da ajuda chegar: o suicídio de Ivanildo e o silêncio que grita em Sousa.

É duro escrever sobre suicídio, mas mais duro ainda é fingir que isso não está acontecendo bem diante de nossos olhos.

Por: Janemarcio da Silva
13/04/2025 às 07h59
Quando a dor cala antes da ajuda chegar: o suicídio de Ivanildo e o silêncio que grita em Sousa.

 

Na noite de último ontem (12), Ivanildo Nunes Lins da Silva, de 42 anos, foi encontrado sem vida em uma rua do bairro Jardim Santana, na cidade de Sousa. Segundo relatos, ele tentou tirar a própria vida duas vezes naquele mesmo dia. Na segunda, infelizmente, conseguiu. Mais um caso de suicídio no Sertão que expõe feridas que insistimos em ignorar: a saúde mental, a solidão e a ausência do poder público.

Ivanildo, conforme vizinhos relataram, era usuário frequente de bebidas alcoólicas e enfrentava episódios depressivos. Mas quantos Ivanildos existem hoje em nossas cidades sertanejas, circulando pelas ruas como se estivessem vivos por fora, mas já mortos por dentro?

É duro escrever sobre suicídio, mas mais duro ainda é fingir que isso não está acontecendo bem diante de nossos olhos. A morte de Ivanildo não foi apenas um ato individual. Ela também é reflexo de um abandono coletivo: da falta de políticas públicas eficientes, da ausência de acompanhamento psicológico gratuito e acessível, da solidão das periferias e do estigma que ainda paira sobre a saúde mental.

Vivemos tempos em que falar de depressão ainda é tabu. Em que pedir ajuda é visto como fraqueza. Em que o sofrimento do outro é tratado como exagero ou "frescura". E em que muitos só enxergam a dor quando já é tarde demais. Ivanildo tentou duas vezes no mesmo dia. Na primeira, foi impedido por seu companheiro. Na segunda, a morte chegou antes da ajuda.

Enquanto o sofrimento mental continuar sendo silenciado, a tragédia vai continuar se repetindo. Precisamos de mais CAPS funcionando de verdade. Precisamos de psicólogos nas unidades básicas de saúde. Precisamos de campanhas de valorização da vida que cheguem aos bairros mais esquecidos. E mais do que tudo: precisamos aprender a ouvir, acolher e cuidar uns dos outros.

A história de Ivanildo é triste, mas não pode ser apenas mais uma estatística. Que ela sirva de alerta e de cobrança. Porque nenhuma vida deveria acabar assim: no silêncio de uma rua escura, com uma corda no pescoço, e um grito sufocado que ninguém ouviu a tempo.

Se você está passando por momentos difíceis, saiba que não está sozinho. Procure ajuda. Fale com alguém. O CVV – Centro de Valorização da Vida – atende 24 horas gratuitamente pelo número 188.

 

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